quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

reflexões sobre o silêncio (IV)

se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... mas você não morre; você é duro, josé! 

nada significaria melhor as minhas últimas semanas, nem a imposição ao silêncio de certas circunstâncias. minha incoerência, minha chave em porta sumida, minha esperança de mares em Minas, meu cavalo inexistente e sem rota de fuga, meu terno de vidro que, de aparência inquebrantável, em casa, me faz lembrar 'a bruxa' drummoniana:

estarei mesmo sozinho? ainda há pouco um ruído anunciou vida ao meu lado. certo não é vida humana, mas é vida. e sinto a bruxa presa na zona de luz. de dois milhões de habitantes! [a cidade do Rio de Janeiro] e nem precisava tanto... precisava de um amigo, desses calados, distantes, que lêem verso de Horácio, mas secretamente influem na vida, no amor, na carne. estou só, não tenho amigo, e a essa hora tardia, como procurar amigo?

não conto do exagero melodramático das formigas deliciadas pelo lirismo acorrespondido (a Euro), mas de uma poesia que transpira feito sudorese em minha pele, excessivamente, buscando dar sentido ao queimar sutil em minha testa. 

companheiros, escutai-me! essa presença agitada querendo romper a noite não é simplesmente a bruxa. é antes a confidência exalando-se de um homem.

memória de vida passada em signisciência