quinta-feira, 20 de maio de 2010

o lipograma passou por aqui: sumiu logo uma vogal. por conta disso, palavras foram abandonadas por mim, curti o charmoso ladrão vocálico.  pra não dar fim à confusão, viramos fugitivos do romantismo traidor com suas palavras bonitas, prontas para dar cabo no sumidouro.  afoita para ajudar o lipograma, corro para os jornais, driblo vogais, crio uma história, insisto no sonho. "ladra!", xinga a atriz não-contratada, "assim, fica muito fácil!" mas não posso fugir da minha rotina justo agora, sou famosa por roubar palavras ou não? ouço um dos protagonistas sussurando abaixo da ponta das  minhas unhas uns sons proibidos, mas faço a surda fingida. viciada no namoro linguístico, continuo com o mantra lipocondríaco: só mais uma palavra. mas ponho fim ao matrimônio, nosso amor limita a língua, e com água na boca, vai adiando a traição para só voltar na hora da saudade.

memória de vida passada em signisciência