sexta-feira, 15 de julho de 2011

sobre o cânhamo (I)

deus pôs na terra, e é completamente natural. feita pra abstrair o homem das próprias dores, das outras pessoas, das próprias atividades. mas as pessoas que usam, a usam tão mal. porquê algo feito pra abstrair provoca dor? porque algo feito pra aumentar a percepção, sobre tudo, não só os físicos, como a audição, visão e tato, mas as percepções abstratas, sobre o que é verdade, o que é confiança, o que é cuidado com o outro, pra aumentar a percepção do próprio pensamento, do alcance da própria mente, em algumas pessoas transformam-nas em pessoas burras sobre tudo o que é abstrato? as pessoas não sabem mais reconhecer abstração e pensar, sentir? elas não sabem mais seguir adiante? então, porque se mete com uma merda que a gente sabe que é sério, se é só pra ter uma sensaçãozinha legal, sobre algo que fizemos de bom (e que de tanto se prender a isso, começamos a fazer de forma ruim) com as pessoas? pra machucar? eu penso isso sobre diversas pessoas, que levantam a voz pra dizer 'eu tenho uma cabeça aberta', mas nunca se perguntaram de fato, o que é estar dentro de uma outra pessoa, vendo com ela o que ela vê, se perguntando e perguntando de fato 'ei, já parou pra pensar como é, daí, imaginar a mim, aqui dentro?' pessoas que não sabem o que é essa curiosidade não estão prontas pra experienciar a abstração dos sentidos. pessoas que nunca se perguntaram 'quão longe eu posso sentir minha própria audição', não sabe o que é abstrair do que se ouve, e acredite, não sabe sequer o que pensa de fato, porque não sabe qual a fonte das informações sobre a qual se constrói idéias. mas sabem levantar o nariz, fazer uma pose e dizer 'é, mas veja bem, eu sei mentir bem sobre esse assunto.' 

e isso são pessoas burras, criadas pra pensar sempre n'o que mais posso conseguir de concreto (moeda, carro) na vida', sem pensar 'o que mais consegui saber sobre mim? a vida é assim, e acredite, esse momento, em que você chega a conclusão de que era essa a coisa mais importante que você conseguiria saber sobre si mesmo, em toda a sua vida - esse é o ápice da sensação de saber 'é, eu sei, e isso é verdade sobre mim', e não, desculpa, eu não preciso contar isso a ninguém, porque em voz, isso seria algo sobre 'olha, eu sou uma pessoa muito verdadeira comigo mesma e com os outros', e isso em si, já é sem importância. "mente" e "pensar", é, em prática, a mesma coisa. "não, cara, vou ficar aqui, quietinho, em silêncio em minha mente", é muito mais verdadeiro do que mentir pro outro. e como mentir pode abrir sua cabeça ou a cabeça de alguém sobre qualquer fato da vida? é isso que gera bad trips em todo mundo, o que assusta todas as pessoas que não fumam, o fato das pessoas que fumam sempre mentirem sobre isso. não sabe contar a verdade? não sabe falar o que pensa? não tem opinião? não faça, não utilize o cânhamo. 

faça uso consciente, cara, pense sobre a senciência, sobre a signissência das flores, sobre o significado profundo que as coisas tem pra você, não só pra rir, sabe, mas porque o dia a dia acumulam essas necessidades na nossa mente. pense sobre o que é o cosmo, não fique preso aos mesmos temas de sempre. é chato, enjoativo e são as pessoas que se cansam de você. porque elas estavam pensando sobre a própria senciência, e não sobre o que lhe provocou riso naquela semana, sabe, porque não desperta interesse nenhum em ninguém e é só isso. 

meus amigos que fumam cânhamo, às vezes, pecam por isso. nunca prestam atenção à essência da coisa, e transformam tudo em coisas fúteis. não sei se não lhes provoco o interesse necessário pra pensarmos sobre isso, pra que eles pensem sobre isso, e talvez seja exatamente o problema. ou talvez eles sejam apenas burros demais, e não pensem sobre o que armazenam de fato na própria cabeça. é uma merda ver que eles não sabem deixar a onda fluir e ficar de boa, e sempre interrompem a via toda, toda a freqüência pra dizer uma piada boba sobre nada, por medo de coisas fúteis, como ir trabalho ou o trânsito. como o trânsito é mais importante que o seu próprio pensamento a tal ponto? eu sei, a gente fica distraído, mas é do fluxo do próprio pensar se distrair por coisas como um sinal vermelho, ou quando começa a pensar em algo novo. 

é por me meter com gente assim, que eu começo a me convencer que eu sou de fato uma mulher especial, diferente, com uma cabeça realmente bem formada sobre muita coisa. e nunca penso que a vida vai se tornar chata com o tempo, ela vai continuar sendo o que ela é. uma grande... coisa.  

memória de vida passada em signisciência