quarta-feira, 7 de julho de 2010

beija-me, beija-flor

o bom de ser invadida por novas paixões é ser visitada por elas. já passamos a época das borboletas e sua tristeza moribunda, e quem me visita agora é um humilde beija-flor. eu, irracional como sou, já me apaixonei. amor tímido, ainda não pudemos conversar: basta me aproximar da janela, ele pula do varal. meu coração palpita só de vê-lo passar voar por aqui.

meu coração é do tipo que se joga pra qualquer um, como quem distribui currículo ou presta concurso público. não é desespero, é apenas a consequência inevitável do romantismo. meu coração é careta, não gosta da física. prefere o surpreendente, como enlaçar os mil e oitocentos batimentos por segundo de um beija-flor em um beijo de passarinho.

memória de vida passada em signisciência