quinta-feira, 20 de junho de 2019

evocações de singularidade poética

I
há tanta poesia em seu corpo, moça, que nem caibo em mim:
sou todo pedra de rio

II
você corre por sobre mim, e faz que não me sente, mas eu te sinto. corrente fria, às vezes morna como um redemoinho prestes a se formar, não sei mais se em ti ou em mim...

III
a sensação de flutuação invade meu corpo, como quando criança no oceano, e estou imersa em um mar rosado: abro os olhos e há sobre mim um céu lilás...

IIII
o amor, se é um conceito ideal, não pode jamais ser algo fácil de conquistar ou vivenciar.
é estupidez emocional se afastar dessa realidade.

V
nas cheias e vagas da maré, você também é como boia salva-vidas;

VI
amor: lei que se expressa na atuação sobre a realidade através de
: olhar de gentileza
: palavra de gentileza
: gesto de gentileza

VII
paz: conceito relativo que implica jamais sair do conflito interior, e ainda assim, expressar autêntica amabilidade para com os objetos da natureza;

VIII
constância:
: devolver com boa soma o que não recebia
: ser injuriado e morto com mansidão
: ser amado em retorno de tudo perder

VIIII
e antes, num tempo que se chamava terra e o planeta era outonal...
sob o céu verde, uma flor carmesim brotou
e do mar rubi, fervilham bençãos de virtudes e vícios

X
o sol é a mãe
que gera o pai
que abriga em si a singularidade do filho
que um dia também será mãe 

memória de vida passada em signisciência