sexta-feira, 5 de outubro de 2012

15º dia de internação


O  sono  me roubou dois dias, dopação. "E isso não é bonito de contar, Luisa." A nova medicação é boa pra quem gosta de dropar numa de sonho... Tem sido um exercício pavoroso manter os olhos abertos, e de difícil execução. Reforço bom é ter nitidez quando olho ao meu redor. As cores, tudo é bom quando venço o sono. In absentia para as vozes, ainda sou obrigada a lidar com a babuinisse geral: “vou adorar levar fora em latim”. Fale sério.

Apesar disso, vou carregando-me entre a cama e a rede, de sofá em sofá babando mais que um camelo e reinventando a noção de luta.

Que mais importa hoje é que vi que a ilusão vence, sim, a realidade. E não sei o que dizer diante disso. Dizem que não perdi nada dessa luta, mas não é como me sinto. Queria ter aqui meu tarô cigano me dizendo o que pensar.

MOMENTO ANGULAR
<<Que horas não são? a onda nunca vai quebrar... é sempre a mesma estação, o sol queimando teu olhar. Deus fez o céu e pôs a Terra pra girar: ela empacou num sinal do sol brilhando em teu olhar. Que horas não são? há gente imóvel num cartão postal; seca e verão: é o sol no teu olhar. olha pro chão, um gesto teu e a onda vai  quebrar: a Terra cruza o sinal e o sol é a desculpa pra chorar >>  Vitor Ramil - Que horas não são 

Meu momento hoje está cheio de ondulações verticais, paralelas entre Slim Harpo e Tulipa Ruiz. Eu não posso dizer que angule um sorriso em meu rosto, parece que vou ter insônia, mesmo com a medicação. Mas vamos lá, ainda tô de pé com o tratamento.

memória de vida passada em signisciência