domingo, 21 de agosto de 2011

sobre a intimidade (III)

a vida se repete em ciclos tão estranhos. engraçado ver como as mesmas viagens masturbatórias que eu alimentava na infância são, hoje, alimentadas e declaradas em tom de segredo e riso pela minha prima. eu, daqui, tremo de medo, que ela não tenha as mesmas preocupações que acabaram por permear a minha cabeça depois de alguns anos. que ela ainda possa se divertir imaginando que entra na casa dele, ao invés da dela, e que ele a leve pro banheiro e faça as maravilhas que os meninos sabem fazer com as meninas. desde que não seja como foi pra mim, vestida de puta na cidade, esperando pra me vingar de quem não me queria mais, acho qualquer viagem mental é, no mínimo engraçada (e pros adultos, definitivamente assustadoras). sinceramente, eu quis contar pra ela que tipo de viagem  vivi na infância, só pra desafogar meus sentimentos, mas ela me deixou sem graça antes que eu pudesse me abrir de volta.

é isso, acho que ser adulto inclui essas preocupações sobre como é a infância, por dentro. queria tanto que ela entendesse pessoa, de marina lima, só pra saber como é pra mim dividir tudo isso com ela. 

memória de vida passada em signisciência