domingo, 3 de julho de 2011

reflexões sobre o silêncio (II)

ah, mas clara sabe o que é ter voz. 
silêncio é só o que ela conhece. apresenta ela a alguém pra você ver quem é clara. 

(retrospectiva emocional)

clara é um buquê de rosas em um aniversário de criança. ela me conhece. mas como todos sabem, ela é o silêncio vivo. foi ela quem me viu obrigada a masturbar, ela quem sabe quantos meninos riram da minha cara, quantas meninas me fizeram perversidade, quantos primos me maltrataram, quantas vezes os homens me procuraram só porque tenho boceta e vulva. e ela goza perfeitamente do seu direito de não contar nada a ninguém, de não dizer nada a ninguém sobre tudo o que viu. e eu, ainda espero que clara mude um dia, e resolva  quebrar o silêncio natural do seu comportamento e conte pra alguém. 

é covardia, amir, dizer que você não teve coragem de impedir o estupro de hassan. eu vi, você ficou mal. mas clara nem se importou comigo. "vai, luisa, eu conto... eventualmente... até lá, come todos os homens e não espere gozar. é que toda essa história te deixa frígida. mas eu faço todas as apologias necessárias: olha o tamanho da boceta dessa menina. come ela, moço, ela tem uma amiga pra dividir esse momento com ela." 

memória de vida passada em signisciência