quinta-feira, 10 de junho de 2010

detesto não ser clara, e coço minha língua sempre que deposito informações em meu diário e aqui, não: é como se eu faltasse a verdade comigo. conheço as duas faces de mim, as quatro fases do eu e as marés de sentimento que me invadem ao longo do dia, mas essa é a primeira vez que posso dizer isso com tamanha certeza desde o começo do ano. eu ainda não consigo explicar a minha megacrise, e antes que pergunte, não me sinto à vontade de compartilhar com riqueza tudo o que senti desde o maldito onze de janeiro até ontem. pense no lobo da estepe  dentro do circo para raros. meu circo era aqui.

é muito chato ficar perdida num ponteiro de relógio o tempo todo, sabia? nunca sair realmente do lugar, e não interessa o tempo que passe, estar sempre andando, sempre procurando o eixo certo. me cansa ser o segundo do seu luisa, relógio! pior que olhar as horas só com o ponteiro dos minutos, é olhar o relógio e ter apenas você, ponteiro dos segundos, rodando sozinha o tempo todo, dia e noite procurando seu minuto e hora, sem saber se foram roubados, perdidos, mortos ou se resolveram ficar de férias e levar sua noção de tempo.

escrever hoje foi difícil, mas finalmente as pontas dos dedos vão parar de coçar pela falta de brutalidade no acontecimento. fica a sensação triangular com dupla inserção de vértices: coração na cabeça, pensamento no peito. e só assim sei ser, loucura/lucidez à parte.   

memória de vida passada em signisciência