sábado, 1 de setembro de 2018

havia algo nele, uma certa aura rósea, disponível. para um feminino exausto da masculinidade prepotente e arrogante, sua essência era afrodisíaca. não era possível declarar com certeza se era apenas uma impressão projetada pela sua sede de algo que desse novas cores a sua vida ou se se tratava de uma percepção real. a atração era inevitável e a consumação do desejo impossível, uma combinação irresistível para uma mulher como ela. seu desejo era ao mesmo tempo sorvê-lo em silêncio e seduzi-lo sem pudor. isso permeava suas fantasias de maneira tal que passou a ser impossível distinguir se a presença dele em seus atos solitários era apenas uma produção do seu inconsciente ou se ele estava de fato lá, expresso quanticamente. essa ideia dominava seus sentidos e ela podia vê-lo seduzido pelo seu desejo e a desejando de volta. dormir era, antes disso, uma tormenta de pensamentos e às vezes ela podia ver o sol nascer sem que sua mente silenciasse o suficiente para descansar. desde que esse desejo róseo se apoderou dela, a mera imagem de se ver dominada e submissa a ele abrandava os turbilhões da sua alma, e ela dormia. ele era visita garantida na madrugada, e a cama, pela manhã, estava sempre molhada de seus sonhos.

memória de vida passada em signisciência