sábado, 8 de junho de 2013

vinte e um

na madrugada insossa
a cor se esvai
por entre sombras negras

virulento, o vento frio
corrói a praça
cagada por pombos
e fedida com seus mendigos
molhados de chuva

maledicente, uma puta
daquelas que diz:
- pede a teu pai que eu te dou
atravessa a praça

não marquise que pague seu preço
nem nas margens do Tietê
nem no Porto da Barra
nem praia de Copacabana

mas Miriam vive e trabalha
nessa mesma noite suja
com seu pênis de vinte e um centímetros
e seus sonhos de cirurgia plástica

memória de vida passada em signisciência