terça-feira, 2 de abril de 2013

sobre adão, eva e a árvore do bem e do mal

é justo que pensemos sobre a criação do mundo. 

em minhas leituras políticas, fui lembrada de que quando adão comeu do fruto proibido, perdeu seu livre-arbítrio (Thomas Paine, Common Sense). 
e me pus a pensar. 

antes, em minha sabedoria ingênua, acreditava que a serpente havia nos prestado um favor ao oferecer da árvore do conhecimento ao homem, por levar em consideração apenas a palavra conhecimento. mas aí, lembrando o agouro (porque só podemos chamar de agouro o que Deus disse aos dois ao expulsá-los do paraíso), penso que T. P. está certo. 

e mais, a serpente nos ofereceu o conhecimento sobre o medo. e que isso tirou nosso livre-arbítrio.

o medo é uma reação natural, com valor de sobrevivência. quando sentimos medo de algo, fugimos deste algo, a fim de proteger nossa integridade. mas antecipar o medo nos impede de viver muitas coisas. boas, com júbilo no fim, e más, que se encerram em sabedoria.

ao sermos expulsos do paraíso, talvez tenhamos sido privados de uma vida de ensinamentos diretos, de ser realmente como Deus, em sua soberania, onipotente, onisciente e onipresente. numa inveja de serpente pela sorte que teríamos (sorte que lhe foi negada), fomos introduzidos, por uma mentira, a acreditar que não havia o que aprender antes desse estágio superior, que bastaria comer do fruto para sermos iguais a Deus, de imediato. bastasse um pouco de fé nos planos de Deus, e Eva recusaria o fruto. não digo isso por ser católica, mas pela lógica das coisas. 

tendo sido nós introduzidos ao medo, perdemos a fé de aprender o que quer que seja sobre o conhecimento do mal. e é no mal que as maiores virtudes, como o perdão, a resiliência e a fé inabalável são aprendidas. não existe um diabo no fim do caminho para o mal, mas a redenção. e no caminho do bem, distrações sutis, como o vício, e todos os outros pecados capitais. numa vida onde só há o bom, o belo, o farto, o perfeito, tudo o que distoa disso causa inveja, ira, e por vício, luxúria, avareza, vaidade, preguiça e gula. no caminho dos maus, há muito mais o que ver. veremos os pecados, mas desenvolveremos as virtudes.

percamos o medo de viver nesse mundo tão cheio de maus caminhos. entremos, averiguemos o que há lá. porque pode ser ajudando um homem a salvar-se que encontraremos nosso mais fiel amigo. e na perdição, um grande amor.

creio que basta não ter medo de olhar na profunda escuridão de um homem para estarmos prontos para conhecê-lo, e tirar daí as dádivas prometidas por Deus.  

memória de vida passada em signisciência